Reforma Íntima, Tolerância

Qual a diferença entre impaciência e intolerância?

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“Ninguém sendo perfeito, seguir-se-á que ninguém tem o direito de repreender o seu próximo? – Certamente que não, pois cada um de vós deve trabalhar para o progresso da coletividade, e sobretudo dos que estão sob a vossa tutela. Mas, por isso mesmo deveis fazê-lo com moderação, para colimar um fim útil, e não, como as mais das vezes, pelo prazer de denegrir… ” (Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Capítulo X. Bem-aventurados os Misericordiosos. Item 19.)

INTOLERÂNCIA

Intolerância é a qualidade do indivíduo intransigente. Para melhor identificar a intolerância nas nossas manifestações, relacionemos alguns traços característicos desse defeito. São eles:

a) Austeridade para com o comportamento ou para com as obrigações dos outros, nas situações familiares, profissionais ou sociais de um modo geral;

b) Severidade exagerada quando nas funções de mando, perdendo quase sempre o controle emocional e repreendendo violentamente algum subalterno que tenha cometido certo erro em suas obrigações de serviço;

c) Rigidez nas determinações ou nas posições tomadas em relação a alguma penalidade aplicada a alguém que tenha errado e sobre quem exerça autoridade;

d) Rispidez e maus-tratos para com aqueles com quem convive, agindo com dureza e radicalidade;

e) Não-aceitação e incompreensão das infrações que alguém possa cometer, condenando-as inapelavelmente com julgamentos agressivos e depreciativos;

f) Prazer em denegrir as pessoas, evidenciando, de preferência, seus defeitos.

O intolerante não perdoa, nem mesmo atenua as falhas humanas e, por isso, falta-lhe a moderação nas apreciações para com o próximo. Vê apenas o lado errado das pessoas, o que em nada estimula o bem proceder. A fácil irritação é também um aspecto predominante do tipo intolerante. O senso de análise e de crítica é nele muito forte. Na sua maneira de ver, quem erra tem que pagar pelo que fez. Não há considerações que possam aliviar uma falta.

Por que somos ainda tão intolerantes? Vemos o cisco no olho do nosso vizinho e não enxergamos a trave no nosso. Gostamos de comentar só o lado desagradável e desairoso das pessoas, e isso até nos dá prazer. Será que nessas críticas não estamos inconscientemente projetando nos outros o que mais ocultamos de nós mesmos? Não estaríamos assim salientando nas pessoas o que não temos coragem de encarar dentro de nós?

A intolerância doentia é um sintoma indicativo de que algo muito sério precisa ser corrigido dentro do nosso próprio ser. Por que exigimos perfeição dos que nos rodeiam e somos complacentes com nossos abusos? Sejamos primeiro rigorosos conosco e, então, compreensivos com os outros.

“Incontestavelmente, é o orgulho que leva o homem a dissimular os seus próprios defeitos, tanto morais quanto físicos”. (Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Capítulo X. Bem-aventurados os Misericordiosos. O argueiro e a trave no olho.)

Mostrando o mal nos outros, ressaltamos as supostas qualidades que acreditamos ter. É manifestação de orgulho, não nos enganemos. É proceder contrário à caridade “que Jesus se empenhou tanto em combater, como o maior obstáculo ao progresso”. A censura que façamos a outrem deve antes ser dirigida a nós próprios procurando indagar se não a mereceríamos. Analisemos, identifiquemos e lutemos por extirpar a intolerância dos nossos hábitos.

 

IMPACIÊNCIA

O indivíduo impaciente é tipicamente nervoso, apressado. Outros aspectos são igualmente indicativos, como os abaixo citados:

a) Inconformação: não-aceitação do desejo que não realizou;

b) Precipitação: não faz por esperar a ocasião precisa;

c) Inquietação: não se acalma quando tem que aguardar;

d) Agitação: desespero pelas frustrações sofridas;

e) Sofreguidão: angústia, ansiedade por algo que tanto quer;

f) Impertinência: teimosia, insistência intranqüila;

g) Pressa: urgência na realização dos desejos;

h) Irritação: contrariedade por algo não conseguido;

i) Aborrecimento: não-realização daquilo que queria.

Nem de tudo que desejamos possuir somos merecedores, ou estamos preparados para ter. Muitas das nossas ambições materiais poderão nos precipitar a enormes abismos, dificílimos de sair. Contentar-se com aquilo que a sorte nos proporciona é esforço no treinamento de valorizar adequadamente o que antes desperdiçamos.

A impaciência, em qualquer área de aprendizado, indica sempre desconhecimento dos reais valores espirituais. É apego aos bens passageiros, que estimulam nossas necessidades imediatas mas que nos escravizam aos condicionamentos dos sentidos físicos.

Paciência que se esgota reflete coração que se intoxica pelo veneno da ira.

Nas manifestações em que expressamos a impaciência, a primeira providência é indagar onde reside a sua origem, o que a gerou e, a partir daí, fazer as ponderações sobre a importância essencial daquilo que nos intranqüiliza. É quase certo que localizaremos, nessas ocorrências, desejos, ambições, anseios que necessitam reparos e atenuações para eliminarmos as desastrosas tensões nervosas, desencadeantes dos problemas cardíacos e circulatórios, tão frequentes no homem atual.

Contrariamo-nos quando não concretizamos o que queremos, impacientamo-nos deixando-nos levar pela irritação, que envenena nossa alma, contamina o perispírito de ondas magnéticas desequilibradoras, comprometendo os envoltórios sutis que constituem nossa aura, abrindo fulcros geradores de enfermidades, atingindo nossos órgãos mais predispostos e sensíveis.

Vale refrear essas nossas manifestações, exercer sobre elas nosso domínio pacífico, tranquilo, nas reflexões dosadas com calma, no equilíbrio, na conformação e na fé nos Desígnios Maiores, elaborados sempre em nosso favor, para melhor impulsionar a evolução nos caminhos por nós mesmos escolhidos, quando na Espiritualidade.

Ney P. Peres

 

Fonte: texto extraído do site http://www.comunidadeespirita.com.br

 

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