Dores da Alma, Leis morais

Inveja e ciúme, dois dos nossos vícios morais

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A inveja sempre foi uma emoção sutilmente disfarçada em nossa sociedade, assumindo aspectos ignorados pela própria pessoa.

As atitudes de rivalidade, antagonismo e hostilidade dissimulam muito bem a inveja, ou seja, a própria “prepotência da competição”, que tem como origem todo um séquito de antigas frustrações e fracassos não resolvidos e interiorizados.

O invejoso é inseguro e supersensível, irritadiço e desconfiado, observador minucioso e detetive da vida alheia até a exaustão, sempre armado e alerta contra tudo e todos.

Faz o gênero de superior, quando, em realidade, se sente inferiorizado.

Por isso, quase sempre deixa transparecer um ar de sarcasmo e ironia em seu olhar, para ocultar dos outros seu precário contato com a felicidade.

Acreditamos que, apesar de a inveja e o ciúme possuírem definições diferentes, quase sempre não são diferenciados ou corretamente percebidos por nós.

As convenções religiosas nos ensinaram que jamais deveríamos sentir inveja, pelo fato de ela encontrar ligada à ganância e à cobiça dos bens alheios.

Em relação ao ciúme, os padrões estabeleceram que ele estaria, exclusivamente, ligado ao amor.

É por isso que passamos a acreditar que ele é aceitável e perfeitamente admissível em nossas atitudes pessoais.

Analisando as origens atávicas e inatas da evolução humana, podemos afirmar que a emoção da inveja não é uma necessidade aprendida.

Não foi adquirida por experiência nem por força da socialização, mas é uma reação instintiva e natural e, como tal, também é encontrada no reino animal.

O agrado e carinho a um cão pode pode provocar agressividade e irritação em outro animal, por despeito.

Nos adultos essas manifestações podem ser disfarçadas e transformadas em atos simulados de menosprezo ou de indiferença.

Já as crianças, por serem ingênuas e naturais, mordem, batem, empurram, choram e agridem.

A inveja entre irmãos é perfeitamente normal.

Em muitas ocasiões, ela surge com a chegada de um irmão recém-nascido, que passa a obter, no ambiente familiar, toda a atenção e carinho.

Ela vem à tona também nas comparações de toda espécie, feitas pelos amigos e parentes, sobre a aparência física privilegiadas de um deles.

Muitas vezes, a inveja manifesta-se em razão da forma de tratamento e relacionamento entre pais e filhos.

Por mais que os pais se esforcem para tratá-los com igualdade, não o conseguem, pois cada criança é uma alma completamente diferente da outra.

Em vista disso, o modo de tratar é consequentemente desigual, nem poderia ser de outra maneira, mas os filhos se sentem indignados com isso.

A emoção da inveja no adulto é produto das atitudes internas de indivíduos de idade psicológica bem inferior à idade cronológica, os quais, embora ocupem corpos desenvolvidos, são verdadeiras almas de crianças mimadas, impotentes e inseguras, que querem chamar a atenção dos maiores no lar.

O Mestre de Lyon, Allan Kardec, interroga as Vozes do Céu: “Será possível e já terá existido a igualdade absoluta das riquezas?” E elas, com muita sabedoria, informam: ” (…) Há, no entanto, homens que julgam ser esse o remédio aos males da sociedade (…) São sistemáticos esses tais, ou ambiciosos cheios de inveja …”

A necessidade de poder e de prestígio desmedidos que encontramos em inúmeros homens públicos nas áreas religiosas, política, profissional, esportiva, filantrópica, de lazer e outras tantas, deriva de uma “aspiração de dominar” ou de um “sentimento de onipotência”, com o que tenhamos contrabalançar emocionalmente o complexo de inferioridade que desenvolveram na fase infantil.

Encontramos esses indivíduos, aos quais os Espíritos se reportam na questão acima, nas lutas partidárias, em que, só aparentemente, buscam a igualdade dos “direitos humanos”, prometem a “valorização da educação”, asseguram a melhoria da “saúde da população” e a “divisão de terras e rendas”.

Sem ideais alicerçados na busca sincera de uma sociedade equânime e feliz, procuram, na realidade, compensar suas emoções de inveja mal elaboradas e guardadas desde a infância, vivida em dificuldades e carências no mesmo ambiente de indivíduos ricos e prósperos.

Tanto é verdade que a maioria desses “defensores do povo”, quando alcançam os cumes sociais e do poder, esquecem-se completamente das suas propostas de justiça e igualdade.

Eis alguns sintomas interiorizados de inveja que poderemos enumerá-los como dissimulados e negados:

– perseguições gratuitas e acusações sem lógica ou fantasiadas;

– inclinações superlativas à elegância e ao refinamento, com aversão à grosseria;

– insatisfação permanente, nunca se contendo com nada;

– manifestação de temperamento teatral e pedantismo nas atitudes;

– elogios afetados e amores declarados exageradamente;

– animação competitiva que leva às raias da agressividade.

O caráter invejoso e ciumento conduzem os indivíduos a uma imitação perpétua à originalidade e criação dos outros, e como consequência lógica a frustração acarretando uma sensação crônica de insatisfação escassez, imperfeição e perda, estimulando sempre uma crescente dor moral e prejudicando o crescimento e desenvolvimento espiritual das almas em evolução.

Fonte: Livro: “As Dores da Alma”, psicografia de Francisco do Espírito Santo Neto, pelo Espírito Hammed.

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