Doutrina Espírita, Dúvidas dos leitores, Mediunidade

Como saber se temos mediunidade e se precisamos desenvolvê-la?

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Compreender a mediunidade é fundamental para desmistificá-la e integrá-la de forma saudável em nossa jornada. A mediunidade é uma faculdade natural, inerente ao espírito, e não um dom sobrenatural ou exclusivo de poucos.

Vamos explorar como identificar a mediunidade e a necessidade de seu desenvolvimento, sempre com o objetivo de oferecer uma visão consoladora e esclarecedora, mesmo para aqueles que ainda não creem em Deus, mostrando que a vida se estende para além da matéria e que a esperança e a fé são faróis em nossa existência.

A Mediunidade como Faculdade Natural

Allan Kardec, em sua obra seminal O Livro dos Médiuns, estabelece que a mediunidade é uma aptidão natural do ser humano para servir de intermediário entre o mundo corporal e o mundo espiritual. Ele a compara a outras faculdades humanas, como a visão ou a audição, que existem em diferentes graus em cada indivíduo.

O Livro dos Médiuns, Capítulo XIV, Item 159

“Todo aquele que sente em um grau qualquer a influência dos Espíritos é, por esse fato, médium. Essa faculdade é inerente ao homem e, por conseguinte, não constitui um privilégio exclusivo. Por isso mesmo, raras são as pessoas em quem não se encontrem alguns rudimentos dela.”

Isso significa que todos nós possuímos, em maior ou menor grau, uma sensibilidade à influência espiritual. A diferença reside na intensidade e na forma como essa sensibilidade se manifesta.

Como Saber se Temos Mediunidade? Sinais e Manifestações

A mediunidade pode se manifestar de diversas formas, desde as mais sutis até as mais ostensivas. É importante observar-se e estar atento a experiências que fujam do comum, mas sem cair em fantasias ou autossugestão. Os sinais podem ser classificados em algumas categorias:

Sensações Físicas Inexplicáveis:

  • Arrepios ou calafrios: Sentir um frio repentino ou arrepios sem causa aparente, mesmo em ambientes quentes.
  • Sensação de presença: Ter a nítida impressão de que há alguém por perto, mesmo estando sozinho.
    Variações de temperatura: Sentir calor ou frio localizado sem motivo físico.
  • Toques ou pressões: Perceber toques leves, pressões ou até mesmo a sensação de ser abraçado ou empurrado.
  • Odores: Sentir cheiros específicos (flores, incenso, fumaça, perfumes) que não têm origem física no ambiente.

Percepções Sensoriais Ampliadas (Mediunidade Ostensiva):

  • Audição (Clariaudiência): Ouvir vozes, sussurros, músicas ou ruídos que outras pessoas não percebem. Pode ser como se alguém estivesse falando ao lado ou dentro da própria mente.
  • Visão (Clarividência): Ver vultos, luzes, sombras, ou até mesmo a forma nítida de espíritos, seja com os olhos físicos ou na mente (visão psíquica).
  • Psicofonia (Voz): Sentir a necessidade de falar ou perceber que palavras estão sendo formadas em sua mente e expressas por sua voz, sem que você as tenha conscientemente formulado.
  • Psicografia (Escrita): Sentir a mão ser impulsionada a escrever, ou que pensamentos são transmitidos e registrados por escrito, sem controle consciente sobre o conteúdo. Chico Xavier é o exemplo mais notório dessa faculdade.

Intuição e Percepções Psíquicas:

  • Intuição aguçada: Ter “pressentimentos” fortes sobre eventos futuros ou sobre pessoas, que frequentemente se confirmam.
  • Sonhos vívidos e premonitórios: Ter sonhos que parecem muito reais e que trazem mensagens claras ou antecipam acontecimentos.
  • Empatia e clairsentience: Sentir as emoções, dores ou estados de espírito de outras pessoas (encarnadas ou desencarnadas) de forma muito intensa, como se fossem suas. Divaldo Franco frequentemente relata essa sensibilidade em suas palestras, percebendo o sofrimento ou a alegria dos espíritos ao seu redor.
  • Conhecimento súbito: Ter acesso a informações ou conhecimentos sobre algo ou alguém sem ter estudado ou pesquisado sobre o assunto.

Alterações de Humor e Energia:

  • Variações de humor: Sentir-se subitamente alegre, triste, irritado ou desanimado sem um motivo aparente, o que pode indicar influência espiritual.
  • Cansaço inexplicável: Sentir-se exausto ou com a energia drenada após estar em certos ambientes ou perto de certas pessoas.
  • Dificuldade de concentração: Ter a mente dispersa ou sentir-se “fora do ar” com frequência.

É crucial ressaltar que a presença de um ou mais desses sinais não significa necessariamente que a pessoa é um médium ostensivo, mas indica uma sensibilidade maior ao mundo espiritual. Muitos desses sinais podem ser confundidos com questões psicológicas ou emocionais, por isso a importância do estudo e da orientação séria.

Precisamos Desenvolver a Mediunidade?

A questão de “precisar desenvolver” a mediunidade é complexa e depende da intensidade e do impacto que essa faculdade tem na vida do indivíduo.

O Livro dos Médiuns, Capítulo XVIII, Item 219

“A mediunidade é uma faculdade que se desenvolve pelo exercício, mas que não se adquire pela vontade. É um dom de Deus, que se manifesta em cada um segundo a sua aptidão e o seu merecimento.”

Quando o desenvolvimento é recomendado ou necessário:

  • Quando a mediunidade é ostensiva e descontrolada: Se as manifestações são frequentes, intensas e causam perturbação, medo, insônia, ou interferem na vida cotidiana, o desenvolvimento é fundamental para que o indivíduo aprenda a controlar a faculdade, a discernir as influências e a utilizá-la de forma equilibrada. Sem controle, a mediunidade pode ser fonte de grande sofrimento e desequilíbrio.
  • Para o serviço ao próximo: A Doutrina Espírita enfatiza que a mediunidade é uma ferramenta para a caridade. Se a pessoa tem a faculdade e sente o desejo de utilizá-la para auxiliar os espíritos necessitados, consolar os aflitos, ou transmitir ensinamentos edificantes, o desenvolvimento em um ambiente sério é o caminho.
  • Para o próprio crescimento espiritual: O estudo e a prática da mediunidade, quando bem orientados, promovem o autoconhecimento, a disciplina e o aprimoramento moral. O médium aprende a lidar com suas próprias imperfeições e a cultivar virtudes como a paciência, a humildade e a caridade.

Quando o desenvolvimento ativo pode não ser “necessário”:

Se a mediunidade se manifesta de forma sutil (como intuição aguçada, sonhos vívidos) e não causa perturbação, a pessoa pode não precisar de um desenvolvimento ativo em um grupo mediúnico. Nesses casos, o estudo da Doutrina Espírita, a reforma íntima, a oração e a prática da caridade já são suficientes para harmonizar essa sensibilidade e utilizá-la para o bem.

José Carlos de Lucca, em suas palestras, frequentemente aborda a mediunidade como um convite ao serviço e à responsabilidade, independentemente do grau de ostensividade. Ele nos lembra que a maior mediunidade é a do amor e da caridade.

O Caminho para o Desenvolvimento da Mediunidade

O desenvolvimento da mediunidade não é um processo de “abrir” a faculdade, mas sim de educá-la, controlá-la e moralizá-la. É um caminho que exige seriedade, estudo e disciplina.

  1. Estudo da Doutrina Espírita: Este é o pilar fundamental. Sem o conhecimento dos princípios espíritas, o médium fica à mercê de influências e interpretações equivocadas.
  • Leitura de O Livro dos Médiuns: Essencial para compreender os mecanismos da mediunidade, os tipos de médiuns, as comunicações espirituais e os perigos a serem evitados.
  • Leitura de O Livro dos Espíritos: Para entender a natureza dos espíritos, a vida após a morte, a lei de causa e efeito, e a moral cristã.
  • Obras Complementares: Estudar as obras de Chico Xavier (como Nosso Lar, Missionários da Luz), Divaldo Franco (como Transição Planetária, Grilhões Partidos), que trazem exemplos práticos e aprofundam o conhecimento sobre a vida espiritual e a mediunidade em ação. Haroldo Dutra Dias e Rossandro Klinjey, em suas abordagens, também enfatizam a importância do estudo e da moralização da mediunidade.

2. Reforma Íntima e Moralização: A mediunidade é um instrumento do espírito. Quanto mais puro e moralizado for o médium, mais elevadas serão as influências que ele atrairá. A prática da caridade, do perdão, da humildade, da paciência e do amor ao próximo é essencial.

  • Como Chico Xavier sempre ensinou, “Mais vale um coração puro do que uma mediunidade brilhante”. A moralidade é o filtro que protege o médium de influências inferiores.

3. Frequência a um Centro Espírita Sério: Este é o passo mais importante para quem deseja desenvolver a mediunidade.

  • Orientação segura: Um centro espírita sério oferece estudo sistematizado, orientação de trabalhadores experientes e um ambiente de proteção espiritual.
  • Desenvolvimento gradual: A mediunidade é desenvolvida em grupos de estudo e prática, sob a supervisão de mentores espirituais e dirigentes encarnados. Não há “cursos rápidos” ou “iniciações” na mediunidade espírita.
  • Proteção contra obsessões: A prática mediúnica isolada ou sem conhecimento pode atrair espíritos zombeteiros ou obsessores. O ambiente de um centro espírita, com suas vibrações elevadas e a presença de bons espíritos, oferece a proteção necessária.

4. Oração e Vigilância: A prece sincera e a vigilância constante sobre os próprios pensamentos e sentimentos são ferramentas poderosas para manter a sintonia com o plano superior e afastar influências negativas.

5. Paciência e Perseverança: O desenvolvimento mediúnico é um processo individual e gradual. Não há um tempo determinado para que as faculdades se manifestem plenamente. A pressa e a ansiedade podem atrapalhar o processo.

A Mediunidade como Ferramenta de Consolo e Esperança

Para aqueles que buscam uma crença consoladora em meio à vida moderna, a mediunidade, quando bem compreendida e praticada, oferece provas irrefutáveis da imortalidade da alma e da continuidade da vida. As comunicações mediúnicas sérias, repletas de lógica, moralidade e informações que transcendem o conhecimento do médium, demonstram que nossos entes queridos continuam a existir e que a vida não se encerra com a morte do corpo físico.

Essa perspectiva traz um alívio imenso para a dor da perda e uma nova compreensão sobre o propósito da existência. Mesmo para quem não crê em Deus, a constatação de que há uma inteligência e uma vida além da matéria pode ser o primeiro passo para uma abertura à espiritualidade e, eventualmente, à percepção de que existe uma Causa Primária de tudo, uma Inteligência Suprema que permeia o Universo e está em nós.

A mediunidade, portanto, não é apenas uma faculdade de comunicação, mas um convite à reflexão sobre nossa natureza espiritual, nossa responsabilidade perante a vida e a certeza de que somos parte de um plano maior, onde o amor e a evolução são as leis supremas. É um caminho que nos leva a perceber que a esperança e a fé não são meras ilusões, mas pilares sólidos para uma vida plena e com significado, mesmo diante dos desafios do mundo moderno.

Fonte: Texto organizado pela Equipe Um Caminho, com apoio da ferramenta de IA Adapta, baseada no Livro dos Médiuns.

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COMENTÁRIOS RECENTES

  1. Sérgio Luiz de Oliveira em Quem Somos

    Gostaria de ter esses ensinos impresso

O MEDO