O Espírito encarnado conserva algum traço das percepções que teve e dos conhecimentos que adquiriu nas existências anteriores?
– Resta- lhe uma vaga lembrança, que lhe dá o que chamamos idéias inatas.
A teoria das idéias inatas não é quimérica?
– Não, pois os conhecimentos adquiridos em cada existência não se perdem; o Espírito, liberto da matéria, sempre se recorda. Durante a encarnação pode esquecê- los em parte, momentaneamente, mas a intuição que lhe fica ajuda o seu adiantamento. Sem isso, ele sempre teria de recomeçar. A cada nova existência, o Espírito toma como ponto de partida aquele em que se achava na precedente.
Deve então haver uma grande conexão entre duas existências sucessivas?
– Nem sempre tão grande como podias pensar, porque as posições são quase sempre muito diferentes, e no intervalo de ambas o Espírito pôde progredir. (Ver o item 216).
Qual é a origem das faculdades extraordinárias dos indivíduos que, sem estudo prévio, parecem ter a intuição de certos conhecimentos, como as línguas, o cálculo, etc.?
– Lembrança do passado; progresso anterior da alma, mas do qual ela mesma não tem consciência. De onde queres que das venham? Os corpos mudam, mas o Espírito não muda, embora troque a vestimenta.
Com a mudança dos corpos, podem perder-se certas faculdades intelectuais, deixando-se de ter, por exemplo, o gosto pelas artes?
– Sim, desde que se tenha desonrado essa faculdade, empregando- a mau. Uma faculdade pode, também, ficar adormecida durante uma existência, porque o Espírito quer exercer outra, que não se relacione com ela. Nesse caso, permanece em estado latente, para reaparecer mais tarde.
É a uma lembrança retrospectiva que deve o homem, mesmo no estado de selvagem, o sentimento instintivo da existência de Deus e o pressentimento da vida futura?
– É uma lembrança que ele conserva daquilo que sabia como Espírito, antes de encarnar; mas o orgulho freqüentemente abafa esse sentimento.
É a mesma lembrança que se devem certas crenças relativas a doutrina espírita encontradas em todos os povos?
– Esta doutrina é tão antiga quanto o mundo. É por isso que a encontramos por toda parte, e é esta uma prova da sua veracidade. O Espírito encarnado, conservando a intuição do seu estado de Espírito, tem a consciência instintiva do mundo invisível. Mas quase sempre ela é falseada pelos preconceitos, e a ignorância mistura a ela a superstição.
Fonte: extraído do Livro dos Espíritos, de Allan Kardec.
Veja vídeo com Divaldo Franco – Provas científicas da reencarnação