“Matar o homem velho”, “extinguir sombras”, “vencer o passado” – expressões que comumente são usadas para o processo da mudança interior. Contudo, todos sabemos, à luz dos princípios universais das Leis Naturais, que não existe morte ou extinção, e sim transformação. Jamais matamos o “homem velho”, podemos sim conquistá-lo, renová-lo, educá-lo.
Não eliminamos nada do que fomos um dia, transformamos para melhor. Ao invés de ser contra o que fomos, precisamos aprender uma relação pacífica de aceitação sem conformismo a fim de fazer do “homem velho” um grande aliado no aperfeiçoamento.
Portanto, as expressões que melhor significado apresenta para a tarefa íntima de melhoria espiritual serão “harmonia com a sombra” e “conquistar o passado”, que redundam em uma das mais belas e sublimes palavras dos dicionários humanos: educação.
Nossas imperfeições são balizas demarcatórias do que devemos evitar, um aprendizado que pode ser aproveitado para avançarmos. A postura de “ser contra” o passado é um processo de negação do que fomos, do qual a astúcia do orgulho aproveita para encobrir com ilusões acerca de nossa personalidade.
Reformar é formar novamente, dar nova forma. Reforma íntima nada mais é que dar nova direção aos valores que já possuímos e corrigir deficiências cujas raízes ignoramos ou não temos motivação para mudar. É dar nova direção a qualidades que foram desenvolvidas na horizontalidade evolutiva, que conduziram o homem à conquistas do mundo transitório. Agora, sob a tutela da visão imortalista, compete-nos dirigir os valores que amealhamos na verticalidade para Deus, orientando as forças morais para as vitórias eternas nos rumos da elevação espiritual pelo sentimento.
Reforma íntima não pode ser entendida como a destruição de algo para construção de algo novo, dentro de padrões preestabelicidos de fora para dentro, e sim como a aquisição da consciência de si para aprender a ser, a existir, a se realizar como criatura rica de sentidos e plena de utilidade perante a vida.
Carl Gustav Jung, o pai da psicologia analítica, asseverou: “Só aquilo que somos realmente tem o poder de curar-nos.”
É uma questão de aprender a ser. Somo um projeto de existir criados para a felicidade, compete-nos, pois, o dever individual de executar esse projeto, e isso só é possível quando escolhemos realizar e ser em plenitude através da conquista do “eu imaginário” em direção ao “eu real”.
Imperfeições são nosso patrimônio. Serão transformadas, jamais exterminadas.
Interiorização é conquistar nossa “sombra”, elevando-a à condição de luz do bem para a qual fomos criados.
Portanto, esse adversário interior deve se tornar nosso grande aliado, sendo amavelmente “doutrinado” para servir ao luminoso ideal do homem lúcido e integral para o qual, inevitavelmente, todos caminhamos.
Fonte: extraído do livro “Reforma Íntima”, de Wanderley S.de Oliveira, pelo espírito Ermance Dufaux. Editora INEDE.
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