A inteligência é um atributo do princípio vital?
– Não, uma vez que as plantas vivem e não pensam: apenas têm a vida orgânica. A inteligência e a matéria são independentes, uma vez que um corpo pode viver sem inteligência. Porém, a inteligência só pode manifestar-se por meio dos órgãos materiais. É preciso a união com o Espírito para prover de inteligência a matéria animalizada.
A inteligência é um dom especial, próprio de algumas classes de seres orgânicos e que lhes dá, com o pensamento, a vontade de agir, a consciência de sua existência e de sua individualidade, assim como os meios de estabelecer relações com o mundo exterior e de proverem as suas necessidades.
Podem distinguir-se assim:
1º) Os seres inanimados, formados apenas de matéria, sem vitalidade nem inteligência: são os corpos brutos;
2º) Os seres animados que não pensam, formados de matéria e dotados de vitalidade, mas desprovidos de inteligência;
3º) Os seres animados pensantes, formados de matéria, dotados de vitalidade e tendo a mais um princípio inteligente que lhes dá a faculdade de pensar.
Qual é a fonte da inteligência?
– Já o dissemos: a inteligência universal.
Podemos, então, dizer que cada ser tira uma porção de inteligência da fonte universal e a assimila, como tira e assimila o princípio da vida material?
– Isso é apenas uma comparação, mas não é exata. A inteligência é um dom próprio de cada ser e constitui sua individualidade moral. Por fim,há coisas que não são dadas ao homem penetrar, e essa por enquanto é uma delas.
O instinto é independente da inteligência?
– Não, precisamente, mas ele é uma espécie de inteligência. O instinto é uma inteligência não-racional. É por meio dele que todos os seres provêm as suas necessidades.
Pode-se assinalar um limite entre o instinto e a inteligência, ou seja, perceber onde um acaba e a outra começa?
– Não, porque freqüentemente se confundem. Mas pode-se muito bem distinguir os atos do instinto dos da inteligência.
É exato dizer que os dons instintivos diminuem à medida que aumentam os intelectuais?
– Não; o instinto sempre existe, mas o homem o despreza. O instinto também pode conduzir ao bem. Ele nos guia, quase sempre, mais seguramente do que a razão. Nunca se engana.
Por que a razão não é sempre um guia infalível?
– Ela seria infalível se não fosse falseada pela má educação, pelo orgulho e pelo egoísmo. O instinto não raciocina; a razão permite a escolha e dá ao homem o livre-arbítrio.
O instinto é uma inteligência rudimentar em que as manifestações são quase sempre espontâneas, e difere da inteligência propriamente dita, cujas manifestações expressam uma avaliação de um ato deliberado que sofreu exame interior.
O instinto varia em suas manifestações quanto às espécies e às suas necessidades. Entre os seres que têm a consciência e a percepção das coisas exteriores, ele se alia à inteligência, quer dizer, à vontade e à liberdade.
Fonte: extraído do Livro dos Espíritos, de Allan Kardec.
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