Anjos da Guarda, Doutrina Espírita

Espíritos Protetores

0 166

O Espírito que abandona o seu protegido, não mais lhe fazendo o bem, pode fazer-lhe mal?

Os bons Espíritos jamais fazem o mal; deixam que o façam os que lhes tomam o lugar, e então acusais a sorte pelas desgraças que vos oprimem enquanto a falta é vossa.

O Espírito protetor pode deixar o seu protegido à mercê de um Espírito que lhe quisesse mal?

Existe a união dos maus Espíritos para neutralizar a ação dos bons, mas, se o protegido quisesse, daria toda força ao seu bom Espírito. Esse talvez encontre, em algum lugar, uma boa vontade a ser ajudada, e a aproveita, esperando o momento de voltar junto ao seu protegido.

Quando o Espírito protetor deixa o seu protegido se extraviar na vida, é por impotência para enfrentar os Espíritos maléficos?

Não é por impotência, mas porque ele não o quer: seu protegido sai das provas mais perfeito e instruído, e ele o assiste com os seus conselhos, pelos bons pensamentos que lhe sugere, mas que infelizmente nem sempre são ouvidos. Não é senão a fraqueza, o desleixo ou o orgulho do homem que dão força aos maus Espíritos. Seu poder sobre vós só provém do fato de não lhes opordes resistência.

O Espírito protetor está constantemente com o protegido? Não existe alguma circunstância em que, sem o abandonar, o perca de vista?

Há circunstâncias em que a presença do Espírito protetor não é necessária junto ao protegido.

Chega um momento em que o Espírito não tem mais necessidade do anjo da guarda?

Sim, quando se torna capaz de guiar-se por si mesmo, como chega um momento em que o estudante não mais precisa de mestre. Mas isso não acontece na Terra.

Por que a ação dos Espíritos em nossa vida é oculta, e por que, quando eles nos protegem, não o fazem de maneira ostensiva?

Se contásseis com o seu apoio, não agiríeis por vós mesmos e o vosso Espírito não progrediria. Para que ele possa adiantar-se, necessita de experiência, e em geral é preciso que a adquira à sua custa; é necessário que exercite as suas forças, sem o que seria como uma criança a quem não deixam andar sozinha. A ação dos Espíritos que vos querem bem é sempre regulada de maneira a vos deixar o livre arbítrio, porque se não tivésseis responsabilidade não vos adiantaríeis na senda que vos deve conduzir a Deus. Não vendo quem o ampare, o homem se entrega às suas próprias forças, não obstante, o seu guia vela por ele e de quando em quando o adverte do perigo.

O Espírito protetor que consegue conduzir o seu protegido pelo bom caminho experimenta com isso algum bem para si mesmo?

É um mérito que lhe é levado em conta, seja para o seu próprio andamento, seja para sua felicidade. Ele se sente feliz quando vê os seus cuidados coroados de sucesso; é para ele um triunfo, como um preceptor triunfa com os sucessos do seu discípulo.

É ele responsável, quando não o consegue?

Não, pois fez o que dele dependia.

O Espírito protetor que vê o seu protegido seguir um mau caminho, apesar dos seus avisos, não sofre com isso e não vê assim perturbada a sua felicidade?

Sofre com os seus erros, e os lamenta, mas essa aflição nada tem das angústias da paternidade terrena, porque ele sabe que há remédio para o mal e que o que hoje não se fez, amanhã se fará.

Podemos sempre saber o nome do nosso Espírito protetor ou anjo da guarda?

Como quereis saber nomes que não existem para vós? Acreditais então, que só existem os Espíritos que conheceis?

Como então o invocar, se não o conhecemos?

Dai-lhe o nome que quiserdes, o de um Espírito superior pelo qual tendes simpatia e veneração; vosso Espírito protetor atenderá a esse apelo, porque todos os bons Espíritos são irmãos e se assistem mutuamente.

Os Espíritos protetores que tomam nomes comuns são sempre os de pessoas que tiveram esses nomes?

Não, mas Espíritos que lhes são simpáticos e que muitas vezes vêm por sua ordem. Necessitais de um nome: então, eles tomam um que vos inspire confiança. Quando não podeis cumprir pessoalmente uma missão, enviais alguém de vossa confiança, que age em vosso nome.

Quando estivermos na vida espírita reconheceremos nosso Espírito protetor?

Sim, pois freqüentemente o conhecestes antes da vossa encarnação.

Os Espíritos protetores pertencem todos à classe dos Espíritos superiores? Podem ser encontrados entre os da classe média? Um pai, por exemplo, pode tornar- se Espírito protetor de seu filho?

Pode, mas a proteção supõe um certo grau de elevação, e um poder e uma virtude a mais, concedidos por Deus. O pai que protege o filho pode ser assistido por um Espírito mais elevado.

Os Espíritos que deixaram a Terra em boas condições podem sempre proteger os que amaram e lhe sobreviveram?

Seu poder é mais ou menos restrito; a posição em que se encontram nem sempre lhes permite inteira liberdade de ação.

Os homens no estado selvagem ou de inferioridade moral têm igualmente seus Espíritos protetores, e nesse caso esses Espíritos são de uma ordem tão elevada como os dos homens adiantados?

Cada homem tem um Espírito que vela por ele, mas as missões são relativas ao seu objeto. Não dareis a uma criança que aprende a ler um professor de Filosofia. O progresso do Espírito familiar segue o do Espírito protegido. Tendo um Espírito superior que vela por vós, podeis também vos tornar o protetor de um Espírito que vos seja inferior, e o progresso que o ajudardes a fazer contribuirá para o vosso adiantamento. Deus não pede ao Espírito mais do que aquilo que comporte a sua natureza e o grau a que tenha atingido.

Quando o pai que vela pelo filho se reencarna, continua ainda a velar por ele?

Isso é mais difícil, mas ele pede, num momento de desprendimento, que um Espírito simpático o assista nessa missão. Aliás, os Espíritos só aceitam missões que podem cumprir até o fim. O Espírito encarnado, sobretudo nos mundos de existência material, está demasiado sujeito ao corpo para poder devotar-se inteiramente a outro, ou seja, assisti-lo pessoalmente. Eis porque os não suficientemente elevados estão sob a assistência de Espíritos que lhes são superiores, de tal maneira que, se um faltar, por um motivo qualquer, será substituído por outro.

Além do Espírito protetor, um mau Espírito é ligado a cada indivíduo, com o fim de impulsioná-lo ao mal e de lhe propiciar uma ocasião de lutar entre o bem e o mal?

Ligado, não é bem o termo. É bem verdade que os maus Espíritos procuram desviar o homem do bom caminho, quando encontram ocasião, mas quando um deles se liga a um indivíduo o faz por si mesmo, porque espera ser escutado; então, haverá luta entre o bom e o mau e vencerá aquele a cujo domínio o homem se entregar.

Podemos ter muitos Espíritos protetores?

Cada homem tem sempre Espíritos simpáticos, mais ou menos elevados, que lhe dedicam afeição e se interessam por ele, como há também os que o assistem no mal.

Agem os Espíritos simpáticos em virtude de uma missão?

Às vezes podem ter uma missão temporária, mas em geral são apenas solicitados pela similitude de pensamentos e de sentimentos, no bem como no mal.

Parece resultar daí que os Espíritos simpáticos podem ser bons ou maus?

Sim, o homem encontra sempre Espíritos que simpatizam com ele, qualquer que seja o seu caráter.

Os Espíritos familiares são a mesma coisa que os Espíritos simpáticos ou os Espíritos protetores?

Há muitas gradações na proteção e na simpatia. Dai-lhes os nomes que quiserdes. O Espírito familiar é antes de tudo o amigo da casa.

Das explicações acima e das observações feitas sobre a natureza dos Espíritos que se ligam ao homem, pode deduzir-se o seguinte: O Espírito protetor, anjo da guarda ou bom gênio é aquele que tem por missão seguir o homem na vida e o ajudar a progredir. É sempre de uma natureza superior à do protegido.

Os Espíritos familiares se ligam a certas pessoas por meio de laços mais ou menos duráveis, com o fim de ajudá-las na medida do seu poder, freqüentemente bastante limitado. São bons, mas às vezes pouco adiantados e mesmo levianos; ocupam- se voluntariamente de pormenores da vida íntima e só agem por ordem ou com a permissão dos Espíritos protetores.

Os Espíritos simpáticos são os que atraímos a nós por afeições particulares e uma certa semelhança de gostos e de sentimentos, tanto no bem como no mal. A duração de suas relações é quase sempre subordinada as circunstâncias.

O mau gênio é um Espírito imperfeito ou perverso que se liga ao homem com o fim de o desviar do bem, mas age pelo seu próprio impulso e não em virtude de uma missão. Sua tenacidade está na razão do acesso mais fácil ou mais difícil que encontre. O homem é sempre livre de ouvir a sua voz ou de a repelir.

Que se deve pensar dessas pessoas que parecem ligar-se a certos indivíduos para levá-los fatalmente à perdição ou para guiá-los no bom caminho?

Algumas pessoas exercem um efeito sobre outras, uma espécie de fascinação que parece irresistível. Quando isso acontece para o mal, são maus Espíritos, de que se servem outros maus Espíritos para melhor subjugarem as suas vítimas. Deus pode permiti-lo para vos experimentar.

Nosso bom e nosso mau gênio poderiam encarnar-se, para nos acompanharem na vida de maneira mais direta?

Isso acontece algumas vezes, mas freqüentemente, também, eles encarregam dessa missão outros Espíritos encarnados, que lhes são simpáticos.

Há Espíritos que se ligam a toda uma família para protegê-la?

Alguns Espíritos se ligam aos membros de uma mesma família, que vivem juntos e são unidos por afeição, mas não acrediteis em espíritos protetores do orgulho das raças.

Sendo os Espíritos atraídos aos indivíduos por simpatia, serão igualmente a reuniões de indivíduos, por motivos particulares?

Os Espíritos vão de preferência aonde estão os seus semelhantes, pois nesses lugares podem estar à vontade e mais seguros de ser ouvidos. O homem atrai os Espíritos em razão de suas tendências, quer esteja só ou constitua um todo coletivo, como uma sociedade, uma cidade ou um povo. Há, pois, sociedades, cidades e povos que são assistidos por Espíritos mais ou menos elevados, segundo o seu caráter e as paixões que os dominam. Os Espíritos imperfeitos se afastam dos que os repelem, e disso resulta que o aperfeiçoamento moral de um todo coletivo, como o dos indivíduos, tende a afastar os maus Espíritos e a atrair os bons, que despertam e mantêm o sentimento do bem nas massas, da mesma maneira por que outros podem insuflar-lhes as más paixões.

As aglomerações de indivíduos, como as sociedades, as cidades, as nações, têm os seus Espíritos protetores especiais?

Sim, porque essas reuniões são de individualidades coletivas que marcham para um objetivo comum e têm necessidade de uma direção superior.

Os Espíritos protetores das massas são de natureza mais elevada que a dos que se ligam aos indivíduos?

Tudo é relativo ao grau de adiantamento, das massas como dos indivíduos.

Alguns Espíritos podem ajudar o progresso das artes, protegendo os que delas se ocupam?

Há Espíritos protetores especiais e que assistem aos que os invocam, quando os julgam dignos; mas que quereis que eles façam com os que crêem ser o que não são? Eles não podem fazer os cegos verem nem os surdos ouvirem.

Os antigos haviam feito desses Espíritos divindades especiais. As Musas eram personificação alegórica dos Espíritos protetores das ciências e das artes, como designavam pelos nomes de lares e penates os Espíritos protetores da família. Entre os modernos, as artes, as diferentes indústrias, as cidades, os países têm também seus patronos ou protetores, que são os Espíritos superiores, mas sob outros nomes.

Cada homem tendo os seus Espíritos simpáticos, disso resulta que em todas as coletividades a generalidade dos Espíritos simpáticos está em relação com a generalidade dos indivíduos; que os Espíritos estranhos são para elas atraídos pela identidade de gostos e de pensamentos; em uma palavra, que essas aglomerações, tão bem como os indivíduos, são mais ou menos bem envolvidas, assistidas e influenciadas, segundo a natureza dos pensamentos da multidão.

Entre os povos, as causas de atração dos Espíritos são os costumes, os hábitos, o caráter dominante, as leis, sobretudo, porque o caráter da nação se reflete nas suas leis. Os homens que fazem reinar a justiça entre eles combatem a influência dos maus Espíritos. Por toda parte onde a lei consagra medidas injustas, contrárias à humanidade, os bons Espíritos estão em minoria e a massa dos maus, que para ali afluem, entretêm a nação nas suas idéias e paralisam as boas influências parciais, que ficam perdidas na multidão, como espigas isoladas em meio de espinhadeiros. Estudando- se os costumes dos povos, ou de qualquer reunião de homens, é fácil, portanto, fazer idéia da população oculta que se imiscui nos seus pensamentos e nas suas ações.

Fonte: texto extraído do “Livro dos Espíritos”, de Allan Kardec.

About the author / 

Editor

Leave a reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *

9 + 1 =

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Temas das Publicações

O que é o Espiritismo e a Doutrina Espírita?
Vida com Abundância