Obsessão é a presença continuada – e indevida – de um espírito junto a alguém que vive na matéria. Pode acontecer por variadas razões, mas, em muitos casos, é conseqüência de algum tipo de ligação.
O relacionamento humano cria vínculos. A vida se desenrola, e elos diversos, para o bem ou para o mal, vão sendo estabelecidos entre as pessoas.
Os vínculos mais fortes não se desfazem com o falecimento do corpo físico. Os laços permanecem porque a consciência individual não deixa de existir junto com a matéria. Os sentimentos ficam.
Tudo o que for projetado com intenso conteúdo emocional persistirá, como um eco num desfiladeiro. A fonte original do som já cessou, mas ainda assim o eco continua. Ele ainda se manterá por muito tempo.
Se o corpo físico morreu, mas as memórias que ficaram são muito fortes, os sentimentos podem tornar-se impulsos incontroláveis. É possível que o espírito não encontre seu próprio caminho, pois o mundo espiritual está diretamente relacionado com o que se passa no interior da mente. Ele reflete projeções mentais de todo tipo.
Que espécie de vínculos foram estabelecidos ao longo da existência? O que for criado e alimentado produzirá efeitos por tempo imprevisível, às vezes por séculos. Onde não existe o tempo isso pode acontecer.
Na raiz da obsessão está a perturbação. Se a mente está sobrecarregada por pensamentos perturbadores – que podem ser de saudade, amor possessivo, grandes tristezas, ódios, ressentimentos ou paixões firmemente incrustadas -, esses impulsos imantarão o espírito, mantendo-o ligado ao mundo da matéria.
Permanecer junto à matéria após a morte geralmente não ocorre sequer como uma escolha consciente, mas como um processo irrefreável.
Mesmo no mundo físico é assim. Você nunca viu pessoas tão ligadas, tão atraídas pela companhia permanente de outras, que é como se estivessem imantadas? E nunca viu duas pessoas que se odeiam tanto que pensam uma na outra incessantemente, o que as leva a se buscarem com freqüência, para prosseguirem em seus conflitos? O ódio e o desejo de vingança são elos muito fortes que, frequentemente, sobrevivem ao passar do tempo. O amor também.
Um obsessor é um espírito que não conseguiu eliminar os vínculos com alguém que está na matéria. Procura-o continuamente, acompanha-o, tenta interferir em sua existência, para o bem ou para o mal. Mesmo por laços de amor isso pode acontecer, embora a palavra “obsessor” esteja mais comumente ligada às relações de ódio e malefício. Mas também ocorrem obsessões originárias de amores transformados em paixões doentias, possessivas, ou saudades incontroláveis do que ficou na matéria. Onde houver um vínculo excessivo, irrefreável, a imantação poderá acontecer.
Por ódio ou por amor desequilibrado, o elo é sempre nocivo e perigoso. O processo de obsessão é sempre patológico, doentio. Mas, uma vez iniciado, torna-se um mecanismo poderoso. Pode durar por tempo indefinido, até que haja alguma interferência para que aquela situação tenha um fim. Geralmente, o único caminho é um trabalho continuado, realizado em sessões mediúnicas especializadas, com médiuns experientes.
A permanência de um processo de obsessão pode causar conseqüências para a saúde física ou mental. A invasão contínua de uma consciência externa não acontece sem danos para a vítima.
Um grupo mediúnico bem orientado e experiente é capaz de dar a partida para que a questão se resolva, entretanto o tratamento de desobsessão pode ser longo. Os vínculos não se desfazem instantaneamente, porque a raiz pode ser muito profunda. Geralmente, obtém-se êxito nesses trabalhos, mas a complexidade dos elos criados é que vai determinar o tempo necessário à solução.
Contudo, esteja atento: nem todas as perturbações são originárias de processos obsessivos. As questões puramente psiquiátricas também são comuns. A complexidade da vida moderna cria dificuldades de todos os tipos. Quem precisa de obsessores quando os mais variados transtornos estão por toda a parte, e há tanto estresse, tóxicos, corrupção e desordem social? Tudo isso já é suficientemente perturbador.
Fonte: extraído do livro “100 perguntas e respostas sobre a Mediunidade e o espiritualismo”, de Márcio de Carvalho. Editora Nova Era.
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