Chico Xavier, Leis morais

Se eu soubesse…

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Quando chegamos no plano espiritual, a maioria das almas pensa algo muito parecido e aí é que percebemos o tempo que perdemos com coisas fúteis, pensamentos e atitudes mesquinhas, em não valorizar as pessoas que mereciam.

Ah! se eu soubesse…

Se eu soubesse que a vida real não era na matéria.

Se eu soubesse que a realidade não é de sofrimento, mas de paz e liberdade.

Se eu soubesse que nada que existia na matéria é permanente, que lá é tudo passageiro, eu não teria brigado no trânsito, batido nos meus filhos, me apegado a tantas coisas efêmeras.

Ah! se eu soubesse…

Teria ajudado muito mais gente, teria me enriquecido com amor e luz, teria deixado de lado esses problemas pequenininhos, teria feito caridade aos necessitados, teria deixado o amor fluir, teria me atirado no bem sem nenhuma preocupação, teria sido mais humilde, teria vivido em paz.

Ah! se eu soubesse…

Teria passado mais tempo com aqueles que amo, teria me preocupado menos, teria tido mais paciência, teria me soltado mais, me desprendido mais, teria vivido mais livre, de forma mais espontânea, mais natural, teria visto o lado bom de tudo, teria valorizado as coisas simples da vida.

Ah! se eu soubesse…

Se soubesse que a vida na Terra vai e vem, que tudo se esvai, que nada é permanente, que não existe algo fixo, imutável.

Se eu soubesse que tudo começa e termina, que os relacionamentos começam e terminam, que a dor lateja e depois vem o alívio.

Ah! se eu soubesse…

Se soubesse que os arrogantes sobem, ficam no topo e caem por si mesmos, caem pelo seu próprio castelo de cartas da ilusão que criaram.

Se eu soubesse que os ricos podem se tornar pobres de espírito, e que os pobres podem ser muito ricos de espírito.

Se soubesse que as diferenças sociais se extinguem, que na morte todos somos filhos do universo, que a fome é saciada, que a sede é aliviada, que a violência só traz mais violência, que os injustiçados são compensados, que os perdidos sempre se encontram, e quem está demasiadamente seguro de si acaba se perdendo.

Ah! se eu soubesse…

Que a vida espiritual é a vida real, que as mágoas corroem o espírito, que a cobiça gera insatisfação, que a lisonja só cria humilhação, que a preguiça gera estagnação.

Se eu soubesse que o medo é sempre maior do que a mente engendrou eu teria me arriscado mais, teria ousado, teria tido a coragem de ser o que eu sou, teria retirado essa máscara que encobria minha verdade, teria desatado o compromisso com o logro, com a burla, teria assumido minha integridade sem divisões, sem fragmentos.

Ah! se eu soubesse…

Não teria cortejado o sucesso, não teria me atirado ao poço fundo, vazio e solitário da avidez, não teria me enganado de que, ao atingir o topo, a descida é o único caminho.

Se eu soubesse que o mundo é uma doce miragem eu rejeitaria a pueril busca pela sensualidade.

Largaria com afinco os prazeres e vícios da juventude. Se soubesse que tudo muda e nada se encerra, teria posto de lado as moléstias da nostalgia.

Ah! se eu soubesse…

Teria menos pressa, olharia mais para a vida, veria mais o nascer do dia, comeria com calma o pão de cada manhã, teria plantado uma árvore, corrido no jardim, deitado no chão e rolado na grama.

Teria mergulhado e me perdido no tempo, solto em reflexões sobre os mistérios da vida.

Teria me desimpedido de autocobranças, teria me aceitado como sou e aceitado o milagre da vida como ela é.

Ah! se eu soubesse…

Que o mar espiritual é infinito de bênçãos, não teria digladiado por um copo de água ao lado do grandioso oceano da plenitude.

Teria deixado todas as quimeras de lado, e vivido mais a vida, a existência, o cosmos, a liberdade, o eterno presente e a eterna aurora.

Ah! se eu soubesse…

Teria renunciado aos hábitos arraigados, as discussões estéreis, a especulação teórica.

Se eu soubesse, teria permanecido mais na natureza, observando os pássaros, molhando as mãos no rio, sentindo o vento, me aquecendo ao sol da manhã, sujado as mãos na lama e sentido o frescor da chuva.

Se eu soubesse que sou um ser em desenvolvimento na essência inesgotável e eterna da vida, teria sido infinitamente mais livre e feliz.

NÓS, ESPÍRITAS, ESTUDAMOS E SABEMOS DISSO, POR ISSO QUE RESPONDEMOS PELOS NOSSOS ATOS, NOSSAS ESCOLHAS E SUAS CONSEQUÊNCIAS.

DEUS NÃO NOS PUNE OU CASTIGA.

NÓS É QUE INFRINGIMOS AS SUAS LEIS.

DEUS É MARAVILHOSO, JUSTO, BOM, ONIPOTENTE, ÚNICO, ONIPRESENTE E, PARA NÓS (ESPÍRITAS), NÃO HÁ DESCULPAS EM FICARMOS NOS LAMENTANDO “AH! SE EU SOUBESSE…”.

Fonte: Texto de Francisco Cândido Xavier.

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