Certa feita, uma revista de circulação nacional apresentou reportagem acerca da mentira, mostrando-a como um ingrediente fundamental do jeitinho brasileiro.
Mais ou menos no mesmo período, determinado programa televisivo ofereceu a oportunidade aos telespectadores de opinarem se um personagem deveria ou não mentir para vingar um crime do passado, ainda impune.
A mentira venceu por larga margem.
Isso demonstra como estamos nos habituando com a mentira e a estamos utilizando, em nosso cotidiano.
Mentimos para obter algum benefício, para preservação da nossa imagem, para evitar um sentimento de vergonha, por verdadeira covardia.
Assim, um amigo não diz ao outro o que realmente pensa e deseja dele.
Se o amigo possui defeitos, em vez de alertá-lo a respeito, bate-lhe nas costas e com uma frase reticente, permite àquele interpretar que tudo vai muito bem.
A mãe mente para o filho pequeno, afirmando que já volta, e na verdade se ausenta por longas horas.
Servem-se da mentira alguns que afirmam serem técnicos em tal ou qual área, não passando, na verdade, de meros aprendizes.
Utilizam a mentira aqueles que oferecem um produto como sendo de primeira linha, quando não o é.
Mentem todos aqueles que fazem promessas, sabendo antecipadamente que jamais as poderão cumprir.
Natural que tal clima gere desconfiança e descrença, itens que presidem ao relacionamento atual das criaturas.
Há quem acredite ser normal a criança mentir e somente ser sintoma de enfermidade no adulto.
Contudo, o mentiroso é sempre alguém enfermo.
E em razão mesmo de sua forma de proceder, se torna desacreditado, mesmo quando se expresse de forma correta e verdadeira.
Para quem está habituado à mentira, se torna muito natural alterar o conteúdo ou a apresentação dos fatos, manipulando-os ao seu bel prazer.
As raízes da mentira se encontram no lar instável, mal formado, quando não emanam dos conflitos da personalidade, que induzem o ser à fuga da realidade e ao culto da fantasia.
Faz-se imperioso que se estabeleça uma disciplina rígida na arte de falar, procurando repetir o que se ouviu exatamente como se escutou.
O que se viu da forma mesma como aconteceu, evitando-se interpretar o que se pensa em torno do assunto, que nem sempre corresponde aos fatos.
Esta é uma maneira de vital importância para se abandonar o vício da mentira.
Não há necessidade de mentir, e toda vez que nos servirmos da mentira, estaremos demonstrando um distúrbio de comportamento, que precisa urgentemente ser corrigido.
Mentir compulsivamente é um distúrbio da imaginação chamado mitomania.
A verdade deve ser sempre dita com naturalidade, sem alarde, mas na íntegra, jamais adornada de fantasias ou conclusões pessoais.
Fonte: Redação do Momento Espírita, página “Discípulos de Allan Kardec”, no Facebook.
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