Ela chega de forma silenciosa e, por se enquadrar como um tipo de demência, seu diagnóstico muitas vezes é tardio, comprometendo a qualidade de vida do paciente. Falamos da Doença de Alzheimer (DA), que acomete cerca de 35,6 milhões de pessoas no mundo e algo em torno de 1,2 milhões no Brasil. Os dados foram apresentados em 2020 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que garante: esses números tendem a dobrar até 2030 e triplicar até 2050.
Ainda sem cura, a DA se caracteriza pela perda gradativa de memória, começando pela mais recente, a partir de uma degeneração neural: as células nervosas iniciam lento processo de extinção, levando à perda da massa encefálica e da cognição. Acomete potencialmente os idosos a partir dos 65 anos, desencadeando sintomas como perda de noção espacial, irritabilidade, apatia, falta de iniciativa e motivação, sinais de depressão, redução de interesse em atividades e passatempos, mudança de personalidade e dificuldades para ler, falar e entender com clareza. Aos poucos, o paciente perde a capacidade de fazer coisas simples, como falar, escrever, andar e deglutir, e em estágio mais avançado já não se reconhece ou aos seus. É quando perde a conexão com o momento presente, até que as complicações fisiológicas decorrentes dessa enfermidade o conduzam à morte física. Não se morre de Alzheimer, portanto.
A Ciência já avançou em importantes estudos sobre o que poderia desencadear a doença. Faixa etária, fatores genéticos, traumatismos cranianos, baixa qualidade de vida decorrente do sedentarismo e tabagismo estão no descritivo clínico dessas possibilidades. Também há evidências sobre como e onde ela se instala. A DA se desenvolve a partir de placas amiloides e de proteínas tau no cérebro, concentradas não no núcleo da célula, mas em estruturas chamadas de microtúbulos, no citoplasma.
Essa informação fez com que médicos espíritas intensificassem as buscas por respostas para as causas espirituais do Alzheimer, assim como a Doutrina também tem esclarecido a origem de diversas doenças e transtornos mentais. No caso específico do Alzheimer, não por acaso, o acúmulo dessas proteínas ocorre justamente no citoplasma, ponto de intersecção entre o períspirito e o corpo físico, como afirma o médico espírita Satyaki Afonso[1], integrante da Associação Médica Espírita, citando trabalhos de André Luiz. Sob esse ponto de vista, o contato se dá por micropartículas chamadas tubulinas, que se enovelam e formam os microtúbulos. As células mais ricas nesses microtúbulos são os neurônios. As doenças mentais se desenvolvem justamente a partir do hipocampo – uma região nobre do cérebro responsável pelas memórias recentes. Portanto, não poderia ser uma mera coincidência, afirma o médico. Segundo ele, a coordenação de todos esse movimento estaria na Glândula Pineal, ou Glândula Mental.
Logo, as respostas não estariam no DNA, já que a mais recente descoberta de pesquisas de mapeamento genético foi a de que o ser humano possui o mesmo número de genes que uma espiga de milho. A resposta não estaria no corpo físico, mas no corpo espiritual. Isso nos remete ao Capítulo 61 do livro A Religião dos Espíritos[2], quando Emmanuel fala sobre as provações que o Espírito experimentará na Terra e inclui eventuais enfermidades – que seriam consequências das calamidades provocadas em existências anteriores, como suicídio frustrado e homicídio.
Início complexo
Mas há um leque mais amplo de esclarecimentos sobre a relação entre a doença e as causas espirituais. Divaldo Franco[3] comenta a relação entre o pensamento e o surgimento de doenças. “A instabilidade das ondas mentais proporciona o desgaste da energia vitalizadora e os mecanismos degenerativos apressam o surgimento dos males de Parkinson, Alzheimer e de outros transtornos mentais”. Ou seja, se o processo encarnatório já contemplava a doença, o pensamento do ser encarnado pode potencializar os males do corpo.
Outro forte indício para a instalação das doenças mentais seria a incapacidade desse Espírito lidar com situações de conflito, após deparar-se com quadros mal resolvidos (desta ou de encarnações passadas) que estariam gerando grande culpa e um grande desejo de seu esquecimento. A culpa, aliás, seria um dos sentimentos mais condutores da doença, já que ela seria um acelerador dessa recuperação moral. São exemplos de situações que o indivíduo carrega consigo: excessivo apego material, avareza, orgulho, vaidade, rancor, preconceitos diversos e incapacidade de ver-se no papel do algoz do passado.
Ao remoer espiritualmente as mágoas e rancores, o Espírito estaria facilitando a instalação da doença, cujo papel é aprisioná-lo em seu invólucro físico. Embora vá perdendo gradativamente sua consciência, esse Espírito ainda vivencia uma situação de total dependência em relação a familiares e cuidadores. Estes também estariam em seu núcleo familiar para passar pela mesma jornada. Poderia se dizer que paciente e cuidadores teriam, com a doença, a possibilidade de acelerar resgates de difícil resolução.
Mas a Doutrina não descarta outras possibilidades, já que as doenças, em geral, são frequentes nos processos de obsessão. Primeiro, porque quanto mais as pessoas se afastam da oportunidade de corrigir sua trajetória, mais ficam à mercê de uma relação intensa e de longa duração com seu obsessor. Embora apareça na condição de vítima, o obsidiado consente tacitamente com essa aproximação ao reconhecer os erros pregressos.
O resultado dessa longa exposição também provoca alterações físicas e químicas no cérebro – o órgão do corpo físico mais próximo da consciência espiritual. Desta forma, todas as induções doentias seriam revertidas e se refletiriam sobre a matéria. Em meio a esse caos, está a auto-obsessão, na qual o Espírito sintoniza-se com um campo vibratório inferior e compromete seus pensamentos e ações. Precisa lidar com a rigidez de caráter, a introspecção, o egocentrismo e todos os sentimentos abarcados na trajetória de muitas vidas, levando-o a um processo de culpa raramente identificado ou racionalizado.
Chamado a ajustes por sua própria consciência, começa a isolar-se da sociedade e procura uma forma de “esquecer” as atitudes pretéritas, permitindo assim a instauração da doença. A sintonia em que se mantém é tão nociva que o doente também acalenta um desejo de “não viver”, como se pudesse rejeitar a vida por não aceitar os fatos que ela lhe traz. Mas o Plano Espiritual precisa que ele avance em seu processo de conscientização, e nestes casos o Alzheimer seria uma forma radical de agilizar os resgates necessários.
O esquecimento seria então uma forma de facilitar esse resgate, pois a longa ficha pretérita desse Espírito poderia levar a um “desejo de esquecimento” pelas atrocidades cometidas. Esses sentimentos, armazenados por décadas, minam o território perispirítico, levando ao desejo de isolamento, à falta de um objetivo, à carência afetiva, à depressão e à insatisfação generalizada. Esse conjunto de situações pode favorecer os processos obsessivos.
Não há cura, mas a recomendação é mais preventiva, com alimentos naturais, atividades físicas rotineiras, atividades que aceleram a mente e uma qualidade de vida que inclua uma vida espiritual saudável. O esforço contínuo de esclarecimento espiritual, com leitura diária de páginas do Evangelho e visitas regulares à Casa Espírita são bons conselhos. Para familiares e cuidadores, cujas causas cármicas se entrelaçam, a doença é ferramenta para a prática do amor, da tolerância, da aceitação e da dedicação incondicional ao próximo. Nem sempre, porém, essa possibilidade é vista como processo evolutivo, e quando o envolvido critica e condena o “novo fardo”, compromete ainda seu processo de evolução.
Medicina e Espiritualidade
A DA e os transtornos mentais, como um todo, são vistos com especial atenção por médicos que professam a Doutrina Espírita e incluem os ensinamentos do Cristo no tratamento psiquiátrico, como ocorre no Hospital André Luiz, em Belo Horizonte (MG). O diretor-técnico da Instituição, psiquiatra Roberto Lúcio Vieira, afirma que sua especialidade é a área da medicina que mais permite identificar os ensinamentos e práticas cristãs.
O médico espírita elenca também os transtornos presentes como parte das atitudes de vidas passadas, entendendo que o adoecer é o caminho para a cura. “Temos percebido que muitos males, como os quadros graves de esquizofrenia, geralmente são de Espíritos que, em outras vidas, abusaram muito do poder que tinham, cometeram homicídios ou tentaram o suicídio várias vezes”. Assim, o adoecimento nesta vida seria o sinal de que a culpa da vida anterior bateu à porta desse Espirito. O Dr. Vieira foi um dos articulistas de uma publicação especial no jornal Estado de Minas, intitulada A Saúde à Luz do Espiritismo[4]. Os diversos artigos reiteraram a relação direta entre os distúrbios provocados pelo indivíduo em vidas pregressas e as doenças contemporâneas.
Não faltam referências para o tema. Joanna de Ângelis[5] afirma que o Alzheimer possui “raízes mais profundas na sua psicopatogênese do que se possa imaginar à primeira vista”. O Espírito enfermo, segundo ela, bombardeia inconscientemente seus neurônios com cargas de energia negativa, em processo de recuperação dos graves males causados ao próximo e a si mesmo. São pensamentos de culpa, amargura e ressentimento originados em outras existências e, naquela encarnação, promovem o atrofiamento do cérebro e comprometem as comunicações neurais. A doença seria uma forma de encarcerar o Espírito para perder contato com o mundo exterior “e padecer a injunção dolorosa sem poder expressar-se”, afirma a autora espiritual.
A Associação Médico Espírita do Brasil (AME Brasil) defende a tese de que processos obsessivos, depressão, mágoa, culpa e outros pontos podem desencadear a doença. Isso não exclui fatores físicos, como elevado colesterol ruim, obesidade, infecções, doenças imunológicas e traumas cranianos, ou um estilo de vida pautado pelo estresse. A falta de estímulos intelectuais também pode acelerar processos degenerativos, o que não exclui o sistema neural.
Satyaki Afonso pondera que o Alzheimer é a mais prevalente das demências; está mais próxima de se manifestar nos indivíduos com 65 anos ou mais e, pelo cronograma de seu avanço, estaria ligado ao processo de transição planetária. O médico se apossa de um exemplo de André Luiz sobre como são preservadas as memórias de outras encarnações, gerando a nossa lista de coisas a serem reparadas. Para essa reparação, seria necessário reverter o mal causado. É como se essas memórias fossem a roupa suja armazenada em um cesto, aguardando que a limpássemos a cada nova experiência terrena.
Logo, voltamos à estaca inicial da Doutrina: Kardec ensina que nosso pensamento é matéria (ora onda, ora partícula). Emitimos uma onda eletromagnética quando pensamos, e o tamanho dessa onda singular depende da nossa evolução. Quando emitimos ondas magnéticas negativas, também nos inundamos com partículas negativas, sendo intoxicados por elas, até que o mal nos encontre. Somos aquilo que pensamos e recebemos de volta a energia que emitimos.
Quando nos afastamos de Deus, da religião, ou nos quedamos ignorantes a ponto de não aceitarmos as Leis Divinas, trilhamos a passos largos para um caminho de difícil retorno, na medida em que deveríamos aproveitar a informação para nos resguardarmos desta e de todas as doenças criadas pelo pensamento humano.
Seja qual for o estágio de conhecimento que se tenha da doença, vale saber que a Ciência busca respostas em estudos clínicos; a indústria farmacêutica procura desenvolver paliativos que melhorem a qualidade de vida do paciente; e o Espiritismo procura alertar para aproveitarmos esse “aprisionamento do corpo”, que nos acelera o resgate imputado ao Espírito. Assim como outras moléstias, o Alzheimer é mais uma ferramenta concedida pelo Plano Espiritual para nosso aprendizado. Mais que criticar o conjunto de provas a enfrentar, melhor será agradecer pela oportunidade de redenção.
FONTES DE PESQUISA:
http://www.acasadoespiritismo.com.br/saude/demencia.htm
http://www.oconsolador.com.br/ano9/454/especial.html
http://www.divaldofranco.com.br/mensagens.php?not=323
A Religião dos Espíritos, por Emmanuel (psicografado por Chico Xavier). Cap. 61 (Doenças Escolhidas)
http://cavile.com.br/alzheimer-um-aprendizado-para-o-espirito/
https://www.youtube.com/watch?v=FtJbULRUI9g (palestra do dr. Satyaki Afonso (AME) na Federação Espírita do Estado de Goiás (FEEGO).
[1] https://www.youtube.com/watch?v=FtJbULRUI9g (palestra do dr. Satyaki Afonso (AME) na Federação Espírita do Estado de Goiás (FEEGO).
[2] A Religião dos Espíritos, por Emmanuel (psicografado por Chico Xavier). Cap. 61 (Doenças Escolhidas)
[3] http://www.divaldofranco.com.br/mensagens.php?not=323
[4] Especial publicado por jornal mineiro, constituído de amplo debate sobre as doenças e seu significado espiritual.
[5] http://cavile.com.br/alzheimer-um-aprendizado-para-o-espirito/
[6] Uai, app de notícias
Fonte: texto extraído do site do Centro Espírita Caminho da Paz: https://centroespiritacaminhodapaz.com.br/
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